quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Portadores do HIV ainda sofrem com o estigma

Embora o tratamento esteja cada vez mais avançado, o diagnóstico de HIV afasta as pessoas do trabalho e prejudica os pacientes com o vírus. A constatação é de uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e divulgada ontem pelo Ministério da Saúde. Foram entrevistados 1.260 soropositivos que tomam antirretrovirais.

Um dos resultados mais importantes do levantamento foi o contraste entre as condições clínicas dos pacientes e o prejuízo decorrente do diagnóstico para a vida social. A maior parte dos pacientes (65%) declarou se sentir em boas ou ótimas condições de saúde, índice até maior do que na população em geral (53%). Apesar disso, 36,5% relataram que a situação financeira piorou após o diagnóstico e 20% disseram ter perdido o emprego. Conclusão: o estigma da doença é, hoje, mais prejudicial do que as condições clínicas decorrentes dela.

Infectologistas ouvidos pela reportagem afirmam que, com a evolução do tratamento da Aids, a doença não faz com que a pessoa perca a capacidade de trabalho. “O que pode estar acontecendo é que algumas pessoas requerem aposentadoria ou afastamento em função do transtorno psíquico’’, afirma o infectologista da Unifesp Ricardo Sobhie Diaz. Outra explicação está na discriminação por causa da doença. “Muitos pacientes me dizem que existe preconceito e têm medo de que o convênio médico mande o resultado de exames para a empresa’’, conta Rosana del Bianco, infectologista do Instituto Emílio Ribas.

De acordo com Célia Landmann, coordenadora da pesquisa, outra explicação pode estar relacionada ao receio dos pacientes de se exporem: como precisam se ausentar para pegar medicamentos e ir a consultas médicas, pessoas com Aids acabam deixando o trabalho para não dizerem que têm um problema de saúde. Outro indicador do estigma social da Aids é o fato, apontado pela pesquisa, de 17% dos pacientes não terem contado aos seus familiares que são portadores do vírus e de 33% não terem falado aos amigos. Apesar do preconceito, a maioria dos pacientes tem uma avaliação boa dos serviços médicos oferecidos pelo SUS.

Com base nos dados da pesquisa, o ministério lançou uma campanha com o slogan “Viver com Aids é possível. Com o preconceito, não’’. Uma das principais peças é um vídeo em que um rapaz soropositivo dá um beijo em uma garota sem o vírus. Transmitido por via sexual, o HIV não passa de uma pessoa para outra pela saliva. Ontem foi lembrado o Dia Mundial da Luta Contra a Aids, e cidades de todo o País destacaram através de atos ou símbolos a data.(Folha de Pernambuco)

Um comentário:

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